Mangá, para os que desconhecem, é um quadrinho de origem japonesa que é lido da esquerda para a direita. Para os que conhecem, eis um pouco da história.
De acordo com Rafael Filipe Alves Carvalho, popularmente conhecido como Pen, professor de desenho e desenhista, "o mangá é bem mais antigo que aparenta". Utilizando Pen como fonte, o famoso quadrinho se iniciou em 1700 no Japão, mas não no formato hoje conhecido, na época não passava de uma ilustração satírica criada pelo povo afim de demonstrar seu descontentamento para com seu senhor feudal. "Tem uma que eu vi, que eu achei muito legal, que eram dois sapos zombando de um coelho, o coelho todo caído no chão. Os sapos, eles representavam o que seria o povo na época, e o coelho representava o senhor feudal." Exemplifica Pen. A Segunda Guerra explodiu, período no qual as províncias não conseguiam se comunicar entre si, no território japonês. Uma outra utilidade para o mangá se fez notória. Os japoneses, sem acesso à tecnologia de rádio, se utilizaram dessas ilustrações para informar o que acontecia ao longo do Japão, através de um jornal que rodava as regiões. A Guerra veio e se foi, deixando um país destroçado. O povo precisava se unir, e que melhor jeito de conquistar isso que vendendo patriotismo para as crianças? Sim, o mangá passou a circular em forma de historinhas infantis. "Só que o negócio estourou de verdade com Osamu Tezuka" Vocês devem ter ouvido falar, o autor do mangá Astro Boy. No primeiro contato que os americanos tiveram com o Japão, estes levaram vídeos da Disney, que cativaram Tezuka. Ele percebeu que um grande atrativo do público nos filmes era o brilho nos olhos dos personagens. "Ele começou a adaptar aquele traço de mangá próprio do Japão misturando com Walt Disney, se você for ver, tem até uma pequena semelhança, entre os personagens de época".
O mangá passou a ser dividido em gêneros, o feminino (shojo), o masculino (shonen) e gekigá. "Gekigá seria um gênero mais adulto, com histórias do cotidiano, ou às vezes até uma história real. Por exemplo, tem a história de Musashi (à esquerda), que é contada por um mangá, tem um traço mais realista." Explica Pen. Mas o público adolescente, eles tinham dificuldade em alcançar, irônico, não? Os artistas fundiram o mangá infantil com o adulto pra conquistar tal proeza, desenvolvendo um traço mais dinâmico, o mangá que conhecemos hoje em dia.
A razão da ironia anteriormente mencionada: Você acredita que o quadrinho japonês tem um bom alcance no público jovem hoje em dia? "Sim, tem." Pen responde. "Alcança, principalmente porque as histórias, apesar delas terem uns temas meio fantásticos, nossa, caras que soltam poderes pelos olhos, explodem o mundo com um espirro… Mas uma coisa que é interessante é que os personagens, eles tem crises muito próximas às nossas, o que torna eles mais humanos, diferentes de um personagem de comics ou de uma HQ por exemplo, você não vê o Super-Homem pensando em Poxa vida, meu Deus, ela me deu uma bota, que chato…, você vê ele pensando Nossa, tem uma criptonita na cintura dele, eu vou morrer!, ou então você pega Bob Esponja, ele nunca vai se confrontar com a puberdade dele."
O entrevistado, Rafael Filipe, é auto-ditada, mas ele recomenda arduamente a procura de um curso para os que se interessam. "Você vê que pra dizer de uma criança de 9 a 11 anos, mais ou menos, você pode resumir que é em passa-tempo. Dessa faixa em diante, vai, vamos dizer, dos 12 aos 17, ele é uma mistura de hobby com uma mistura de se expressar com uma mistura de “eu quero impressionar alguém”. Dezoito até os 29, 30 anos, acaba se tornando um meio de profissão. Porque a pessoa, a partir dos 18 anos ela já não tem muito tempo pra ficar brincando na vida, ela já começa a tomar certas responsabilidades, ela tem aquela pressão de Nossa, vai acabar o terceiro ano, que eu vou fazer de faculdade?. E desenho acaba sendo o investimento que a pessoa está fazendo." diz Pen.
Contudo, ele prefere não aconselhar seus alunos a entrarem no mercado de trabalho visando somente o desenho oriental como seu objetivo final, e deixa uma advertência para aqueles que não podem ser dissuadidos desse objetivo em particular: "Eu sempre falo isso para os meus alunos: 'Meu, você quer trabalhar com isso? Se dedica, você pode ter até o foco em mangá, mas procura ser um artista mais amplo.' Porque se um dia você entrar num estúdio que trabalha, por exemplo, com publicidade. 'Ah, hoje a gente vai fazer uma propaganda em mangá' Você viu que legal? Aí a pessoa pensa 'Nossa, sei desenhar mangá, legal eu vou trabalhar com isso, cara.' Aí mas depois o cara vira e fala 'Então, a gente vai fazer uma propaganda em flash.', 'Putz, eu não seu mexer em computador.'. 'Ah, a gente vai fazer uma ilustração pra uma revista, só que tem que ser uma pintura em aquarela.', 'Eu não sei mexer com aquarela…'. 'A gente vai fazer um desenho realista e vai enviar pro Faustão.', 'Mas eu não sei fazer realista.'. Então são essas coisas que o mercado vai começando a te cobrar e você vai vendo que você, ao invés de ganhar por ser especialista numa área só, está perdendo. É melhor você ser bom em várias áreas do que ser realmente muito bom numa só, pra não perder público."
Imagens retiradas de http://images.google.com.br/imghp?oe=UTF-8&hl=pt-PT&tab=wi&q=
De acordo com Rafael Filipe Alves Carvalho, popularmente conhecido como Pen, professor de desenho e desenhista, "o mangá é bem mais antigo que aparenta". Utilizando Pen como fonte, o famoso quadrinho se iniciou em 1700 no Japão, mas não no formato hoje conhecido, na época não passava de uma ilustração satírica criada pelo povo afim de demonstrar seu descontentamento para com seu senhor feudal. "Tem uma que eu vi, que eu achei muito legal, que eram dois sapos zombando de um coelho, o coelho todo caído no chão. Os sapos, eles representavam o que seria o povo na época, e o coelho representava o senhor feudal." Exemplifica Pen. A Segunda Guerra explodiu, período no qual as províncias não conseguiam se comunicar entre si, no território japonês. Uma outra utilidade para o mangá se fez notória. Os japoneses, sem acesso à tecnologia de rádio, se utilizaram dessas ilustrações para informar o que acontecia ao longo do Japão, através de um jornal que rodava as regiões. A Guerra veio e se foi, deixando um país destroçado. O povo precisava se unir, e que melhor jeito de conquistar isso que vendendo patriotismo para as crianças? Sim, o mangá passou a circular em forma de historinhas infantis. "Só que o negócio estourou de verdade com Osamu Tezuka" Vocês devem ter ouvido falar, o autor do mangá Astro Boy. No primeiro contato que os americanos tiveram com o Japão, estes levaram vídeos da Disney, que cativaram Tezuka. Ele percebeu que um grande atrativo do público nos filmes era o brilho nos olhos dos personagens. "Ele começou a adaptar aquele traço de mangá próprio do Japão misturando com Walt Disney, se você for ver, tem até uma pequena semelhança, entre os personagens de época".
O mangá passou a ser dividido em gêneros, o feminino (shojo), o masculino (shonen) e gekigá. "Gekigá seria um gênero mais adulto, com histórias do cotidiano, ou às vezes até uma história real. Por exemplo, tem a história de Musashi (à esquerda), que é contada por um mangá, tem um traço mais realista." Explica Pen. Mas o público adolescente, eles tinham dificuldade em alcançar, irônico, não? Os artistas fundiram o mangá infantil com o adulto pra conquistar tal proeza, desenvolvendo um traço mais dinâmico, o mangá que conhecemos hoje em dia.
A razão da ironia anteriormente mencionada: Você acredita que o quadrinho japonês tem um bom alcance no público jovem hoje em dia? "Sim, tem." Pen responde. "Alcança, principalmente porque as histórias, apesar delas terem uns temas meio fantásticos, nossa, caras que soltam poderes pelos olhos, explodem o mundo com um espirro… Mas uma coisa que é interessante é que os personagens, eles tem crises muito próximas às nossas, o que torna eles mais humanos, diferentes de um personagem de comics ou de uma HQ por exemplo, você não vê o Super-Homem pensando em Poxa vida, meu Deus, ela me deu uma bota, que chato…, você vê ele pensando Nossa, tem uma criptonita na cintura dele, eu vou morrer!, ou então você pega Bob Esponja, ele nunca vai se confrontar com a puberdade dele."
O entrevistado, Rafael Filipe, é auto-ditada, mas ele recomenda arduamente a procura de um curso para os que se interessam. "Você vê que pra dizer de uma criança de 9 a 11 anos, mais ou menos, você pode resumir que é em passa-tempo. Dessa faixa em diante, vai, vamos dizer, dos 12 aos 17, ele é uma mistura de hobby com uma mistura de se expressar com uma mistura de “eu quero impressionar alguém”. Dezoito até os 29, 30 anos, acaba se tornando um meio de profissão. Porque a pessoa, a partir dos 18 anos ela já não tem muito tempo pra ficar brincando na vida, ela já começa a tomar certas responsabilidades, ela tem aquela pressão de Nossa, vai acabar o terceiro ano, que eu vou fazer de faculdade?. E desenho acaba sendo o investimento que a pessoa está fazendo." diz Pen.
Contudo, ele prefere não aconselhar seus alunos a entrarem no mercado de trabalho visando somente o desenho oriental como seu objetivo final, e deixa uma advertência para aqueles que não podem ser dissuadidos desse objetivo em particular: "Eu sempre falo isso para os meus alunos: 'Meu, você quer trabalhar com isso? Se dedica, você pode ter até o foco em mangá, mas procura ser um artista mais amplo.' Porque se um dia você entrar num estúdio que trabalha, por exemplo, com publicidade. 'Ah, hoje a gente vai fazer uma propaganda em mangá' Você viu que legal? Aí a pessoa pensa 'Nossa, sei desenhar mangá, legal eu vou trabalhar com isso, cara.' Aí mas depois o cara vira e fala 'Então, a gente vai fazer uma propaganda em flash.', 'Putz, eu não seu mexer em computador.'. 'Ah, a gente vai fazer uma ilustração pra uma revista, só que tem que ser uma pintura em aquarela.', 'Eu não sei mexer com aquarela…'. 'A gente vai fazer um desenho realista e vai enviar pro Faustão.', 'Mas eu não sei fazer realista.'. Então são essas coisas que o mercado vai começando a te cobrar e você vai vendo que você, ao invés de ganhar por ser especialista numa área só, está perdendo. É melhor você ser bom em várias áreas do que ser realmente muito bom numa só, pra não perder público."
Imagens retiradas de http://images.google.com.br/imghp?oe=UTF-8&hl=pt-PT&tab=wi&q=
3 comentários:
olá pessoal do untitled! gostaria de agradecer a visita e os comentários no meu blog (poxa thiago, meus textos bons? tinha tanto erro de português...obrigado pela gentileza e generosidade!) e incentivar a que continuem com esse trabalho bacana que vcs fazem. e que entrevistem mais pessoas legais, talvez professores do curso de voces (vcs fazem jornalismo, né?), profissionais, talvez aqueles mais inacessíveis dêem entrevista a vocÊs por serem "mídia alternativa" (sem fins $$$).
um grande abraço do leitor
Rodrigo
Marina,
Os parágrafos estão muito longos.
Tente dividir mais as informações, ok?
Caso não consiga, leve o texto impresso na próxima aula que te ajudo.
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ficaria muito feliz se encontrasse alguém do Untitled na Balada Literaria (www.baladaliteraria.org) amanhã na mesa das 10h30 da manhã ou no domingo, na mesa do Antonio Candido e Davi Arrigucci (caramba, hein?!).
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