sexta-feira, 28 de setembro de 2007
Com vocês, o mordomo!
A culpa sempre é dele. Tornou-se clássica a atribuição de crimes e gafes aos mordomos do mundo todo. Desde Agatha Cristie, Sherlock Holmes e Alfred Hitchcok, esses personagens onipresentes e ao mesmo tempo invisíveis na intimidade do ambiente doméstico assumiram a responsabilidade sobre os acontecimentos, verdadeiros "laranjas" da literatura e cinema.
Desta vez será diferente. O diretor João Moreira Salles aproveitou a figura de Santiago, mordomo da família Salles para fazer um"mea culpa" e discecar as ilusões que se escondem nas verdades construídas do cinema documental. Em Santiago, seu mais recente trabalho, o diretor de Notícias de Uma Guerra Particular, Nelson Freire e Entreatos, escancara a construção dos discursos.
O material bruto do filme ficou guardado por 13 anos sem que João encontrasse uma solução para ele. Passado esse longo período e após o reconhecimento como profissional, ele desengavetou os negativos e voltou à ilha de edição para tentar entender o que não havia dado certo e concluiu: a culpa não era do mordomo e sim do próprio João Moreira Salles que, preocupado em atingir seus objetivos como diretor, esqueceu de dar voz ao Santiago que ele queria retratar.
O que ficou evidente com o passar dos anos foi a relação patrão-empregado da qual não conseguiu se desfazer durante as entrevistas. Santiago, homem culto e extremamente original, ficou subaproveitado por causa da rigidez do diretor, na época, iniciante.
O resultado do filme que está hoje nos cinemas é uma autocrítica corajosa e uma reflexão brilhante sobre as armadilhas do olhar na sétima arte. O expectador vai para conhecer o mordomo e ganha de brinde a análise do diretor.
Crédito da imagem:
www.overmundo.com.br
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